quinta-feira, 7 de agosto de 2008

Lápis e papel


Eu já joguei muitas dores em pedaços de papel aqui e acolá.
Já escrevi sobre minhas decepções e meus erros.
Falei dos meus medos e dos segredos do meu coração.

Descrevi minhas esperanças e meus sonhos mais bobos,
os mais infantis e os mais inocentes.
Também os mais lindos e que provavelmente nunca se realizarão,
mas como me fizeram viver!

Já tive vontade de falar com pessoas que se fizeram de surdas
e chorar todas as lágrimas do mundo,
as que me foram reservadas para aliviar minha alma.

Já distribuí minha felicidade com todo mundo em alguns segundos
porque ela já não mais cabia em mim.

E, escrevendo, me sentia mais leve,
como se as pedrinhas que me incomodavam ficassem menos pesadas
ou me fizessem vê-las com um olhar novo.

Tudo o que o coração guarda, ele guarda pra sempre.

Não estou falando de grandes amores ou grandes paixões,
que marcam para sempre, mesmo quando passam.

Estou falando é dessas coisinhas
que ele vai acumulando no dia-a-dia,
que uma só não faz nada,
mas que o acúmulo pode fazer grandes estragos.


Não sei se as pessoas têm idéia do quanto necessário
e importante é deixar falar o coração.
Quando não falamos, as coisas ficam trabalhando na nossa cabeça
e com uma insistência perturbadora.

Uma mágoa, uma idéia, uma decepção
e até uma felicidade precisam ser postas para fora.

Guardar sentimentos sem expô-los,
de alguma forma, nos torna doentes.

Mas abrir o coração não é coisa fácil.
Requer maturidade e coragem.

Maturidade porque administrar sentimentos é dolorido.

Coragem porque é preciso ter honestidade consigo mesmo,
sem buscar justificativas
e sem cair na armadilha da auto-condenação.

No entanto, emoções precisam ser liberadas,
precisam estar de fora
para que guardemos nossa objetividade.

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